para viver uma (trans)formação literária | 2024#03
você que escreve, já leu um livro que te fez pensar “uau, eu não sabia que era possível escrever deste jeito, porque se soubesse teria feito exatamente assim”?
alguns livros me fazem desejar tê-lo escrito. alguns chamam o fenômeno de inveja, tem gente que interpreta como síndrome de impostore. eu chamo de inspiração. inspiração para mudar a forma como escrevemos, a nossa percepção de literatura ou do gênero lido. inspiração para viver uma (trans)formação literária.
você já viveu algo assim ao ler um livro?
com os olhos do desejo de fazer igual e as mãos da feitura própria, mudei minha maneira de escrever e meus conceitos sobre o que é possível na literatura após a leitura dos três livros inspiradores que indico nesta newsletter. não foi uma escolha proposital, mas cada um é de um (sub)gênero, então se você escreve romances, contos ou poesia, terá inspiração lendo essas três obras.
para viver uma transformação literária | 2024#03
eu investigo qualquer coisa sem registro, de thaís campolina
na crítica que escrevi para o valkírias em abril de 2022, nomeada as investigações e registros de thaís campolina, esmiucei todas as muitas qualidades do livro da poeta mineira, que se tornou um dos meus favoritos e uma referência do que é poesia.
o que thaís transformou na minha escrita poética é exatamente o olhar. hoje, quando a inspiração vem ou me proponho a escrever, eu investigo qualquer coisa sem registro no tema em questão. aprendi com ela que a poesia pode ser feita sobre as miudezas e não só sobre as grandes e nobres coisas da vida - e comprovei ao longo das páginas, que um poema se torna muito mais sublime quando se volta para para a poeira nos cantinhos da casa e as periferias do cotidiano. o olhar de registro do sutil ampliou minhas possibilidades de escrita e tornou tudo tema possível para um poema.
se você escreve poesia, sugiro que leia o artigo de opinião antes de decidir se o tipo de poesia deste livro é o que vai te inspirar. depois, você pode adquiri-lo na loja da crivo editorial.
redemoinho em dia quente, de jarid arraes
escrevi sobre redemoinho em dia quente neste post do meu instagram:
a escrita de jarid arraes neste livro me ensinou duas coisas. a primeira: é possível dizer muito com pouco - e isso é uma batalha árdua para uma escritora prolixa como eu, toda vez que decido que uma história fica melhor ao ser menos extensa. nesses momentos, quando acho que é pertinente e necessário me conter, me inspiro nos contos que compõem redemoinho em dia quente, que trazem tramas complexas mesmo sendo curtas e nos fazem mergulhar no entendimento das personagens em poucas palavras. a segunda coisa que me inspira é que é possível brincar com o formato da prosa tanto quanto com o formato da poesia. talvez, por ter experiência anterior com os poemas, jarid conseguiu usar a forma de modo realmente livre para contar mais sobre o enredo do texto, algo que eu não em autorizava a experimentar até ler a antologia de contos da escritora do cariri.
me libertei na escrita de prosa curta e recomendo que você faça o mesmo lendo este livro, que pode ser adquirido em ebook, audiobook ou versão física na amazon.
anatomia de um quase corpo, de yara fers
talvez este seja um dos meus livros favoritos da vida. fiz uma resenha para o valkírias exaltando todas as qualidades desta que é uma das obras também mais ideologicamente inspiradoras que já tive o prazer de apreciar - a trama realmente é impecável. assim como no livro mencionado anteriormente, a forma é única. só que, no caso do livro de yara fers, - sua estreia no romance - a linguagem poética se entranha na forma, na sonoridade, nas imagens de uma forma tão marcante e consistente ao longo de todos os capítulos do romance, que depois que li anatomia de um quase corpo me permiti misturar prosa e poesia sem medo. também passei a enxergar toda prosa como um texto com o qual se pode brincar sem limites - coisa que eu não ousava fazer até ver a forma como yara consegue representar os símbolos do enredo até mesmo com os sinais gráficos do texto.
o vencedor da categoria narrativa longa do prêmio book brasil pode ser adquirido em versão física artesanal no site da editora arpillera e também em versão e-book.
ANIMA MUNDI ESTÁ A VENDA!
Anima Mundi é um termo em latim que significa “a alma do mundo”. O conceito cosmológico com origens na filosofia de Platão e que vem, ao longo do tempo, sendo incluído em diversas outras formas de pensamento resume aquilo que se alcança com a leitura deste livro. A alma do mundo é algo que talvez ninguém possa explicar mas um espírito palpável que todos conhecemos. Na estrada percorrida com a leitura desse livro, essa alma vai sendo exposta, poema a poema para que se possa experimentá-la, senti-la e, quem sabe entendê-la – ainda que a compreensão racional nem sempre se faça necessária.
Em março escrevi dois artigos para o Valkírias, que devem ir ao ar no começo de abril. Ambos são sobre livros escritos por mulheres e, caso queira ver assim que saírem, me acompanhe no instagram.
Até o mês que vem!
Um livro que apesar de antigo, só vim ler agora, ele me fez querer escrever melhor é o apanhador no campo de centeio. Ele é tao fantástico que fico com raiva dr nunca te-lo lido antes.
Somente o da Jarid tem na escola que trabalho, já vou pegar para ler